Estrelas sem um céu: a postura nos bastidores também importa!
- Shoyu
- 7 de ago.
- 3 min de leitura
A ausência de compromisso e respeito com a imprensa independente expõe um lado pouco discutido, o estrelismo precoce
No cenário musical, um dos pilares para o crescimento e fortalecimento coletivo é o respeito mútuo entre artistas, imprensa, produtores, técnicos e casas de eventos. Entretanto, a realidade muitas vezes revela uma contradição desconcertante. Embora se fale em união e colaboração, existem comportamentos que enfraquecem e desmotivam toda essa engrenagem fundamental para a cena.
Não é incomum que alguns artistas tratem profissionais de imprensa e demais parceiros como se fossem parte de um staff não remunerado, esperando cobertura, divulgação e apoio gratuitos como se fossem obrigações naturais. Essa postura, marcada por arrogância e falta de consideração, não está ligada ao talento ou à presença em palco, mas sim à postura ética e profissional. Ignorar acordos combinados, desmarcar entrevistas sem aviso ou deixar de responder mensagens básicas são exemplos claros de desrespeito que prejudicam relações essenciais para o desenvolvimento artístico.
Quando um compromisso não pode ser cumprido, uma comunicação transparente e rápida pode evitar ressentimentos e manter o diálogo aberto. O silêncio, por outro lado, demonstra descaso e mina a confiança, afetando não só a relação profissional, mas também a credibilidade do artista diante da cena.
Além disso, há o problema de artistas que procuram a imprensa com uma expectativa irreal, cobrando divulgação como se fosse um direito garantido, e não um trabalho conjunto. A ausência de gentileza e o excesso de exigências são comportamentos que, além de afastar o apoio, geram conflitos desnecessários. Caso o jornalista ou produtor não retribua com elogios ou tratamento bajulador, o retorno costuma ser o silêncio ou indiretas passivo-agressivas, o que configura um desrespeito pessoal e profissional inaceitável.
Não apenas os artistas, mas também algumas casas de eventos contribuem para essa dinâmica negativa. É comum a falta de retorno a solicitações básicas como autorizações para gravação, confirmações de horários ou pedidos de credenciamento. Essa ausência de comunicação compromete o trabalho de toda a cadeia envolvida, prejudicando artistas, imprensa, público e o próprio sucesso do evento. A falta de comprometimento institucional diminui o potencial colaborativo que poderia impulsionar a cena como um todo.
É importante destacar que essa crítica não está vinculada à busca pelo mainstream, nem todos desejam ou precisam de grande exposição comercial. O ponto central é que o profissionalismo, o respeito e a responsabilidade são indispensáveis em qualquer trajetória, independentemente do alcance ou da ambição do projeto.
No contexto independente, onde os recursos são limitados e o trabalho coletivo é a base para a sobrevivência e o crescimento, atitudes desrespeitosas corroem a motivação e fragilizam a rede de apoio que mantém a cena viva. Quando parcerias são tratadas como algo descartável ou quando o estrelismo impede o diálogo, todos perdem. A cena enfraquece, o entusiasmo diminui e a colaboração que poderia gerar resultados sólidos desaparece.
Por isso, é fundamental lembrar que respeito não é opcional, nem um detalhe acessório, mas sim uma condição essencial para qualquer carreira sustentável. Divulgação não é favor, é uma via de mão dupla que precisa ser cultivada com responsabilidade e empatia.
Se a sua trajetória é independente, que sua postura reflita isso de forma coerente. Independente do ego, da vaidade ou de quem tenta te bajular. Respeito, compromisso e profissionalismo são o que sustentam qualquer movimento cultural que pretende crescer e permanecer.




Comentários