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Cazuza homenageado no PMB 2026 & sucesso da cinebiografia de Ney Matogrosso revelam apetite por ídolos transgressores

  • Shoyu
  • 23 de jun.
  • 2 min de leitura

O reconhecimento e resgate artístico da nova geração aponta a relevância cultural de figuras que moldaram a identidade musical brasileira


Em um raro alinhamento entre passado e presente, dois nomes que ajudaram a redesenhar a música popular brasileira voltam ao centro da conversa cultural: Cazuza será o homenageado da edição 2026 do Prêmio da Música Brasileira, enquanto Homem com H, cinebiografia de Ney Matogrosso, ocupa o topo das listas de filmes mais assistidos nas plataformas de streaming.


A coincidência carrega um simbolismo evidente e necessário. Ney e Cazuza não apenas romperam paradigmas estéticos e comportamentais, como ajudaram a transformar a MPB num território de liberdade, provocação e invenção. Ídolos da desobediência artística, foram figuras que cantaram, com franqueza e coragem, o que muitos preferiam calar.

Mais do que contemporâneos, foram cúmplices. Viveram um breve romance nos anos 1980, discreto mas intenso, que é retratado no longa sobre Ney. Cazuza, aliás, tem uma participação direta na trama, num aceno à intimidade afetiva e criativa entre os dois.

A escolha de Cazuza como homenageado de 2026, quase 36 anos após sua morte, reafirma a potência de sua obra, marcada por uma escrita feroz, apaixonada e política. Suas canções atravessam o tempo com a mesma força de quando foram lançadas. Ele era o poeta do excesso, da lucidez ácida e do Brasil sem retoques.


Curiosamente, esse reencontro com figuras centrais da música brasileira ocorre num momento em que parte do público demonstra fadiga diante das produção atual: músicas de estrutura previsível, feitas sob medida para plataformas de consumo rápido, com letras frágeis e batidas repetidas à exaustão. A ascensão de Homem com H e a escolha de Cazuza como homenageado não parecem acidentais: revelam um desejo, talvez inconsciente e urgente, de reconectar-se com uma arte que desafia, emociona e transforma.


Num cenário saturado de hits instantâneos, a lembrança desses artistas serve como lembrete e provocação: é possível fazer música que seja ao mesmo tempo popular e profunda. E é exatamente isso que o povo brasileiro precisando ouvir novamente.


🎥Confira a seguir o trailer do filme Homem com H:


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